quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sonhei


Sonhei. Sonhei que lá fora o sol nascia e as gotas de orvalho brilhavam sobre o jardim. Abri a janela e o vento gelado me causou arrepio. Você ainda estava deitado, a expressão calma enquanto respirava intensamente em seu sono profundo. Enquanto via o sol nascer e os raios invadiam o quarto, sentia-me protegida por te ter tão perto. É engraçado como só sua presença já me acalma. Você não precisa falar, não precisa olhar, você só precisar estar ali. E o sorriso? Ah, o sorriso que me tirava o foco e o chão, me fazia flutuar... eu conseguia imaginá-lo no seu rosto sem nenhum esforço. Desde que você chegou eu não consigo reparar em nenhum outro sorriso. O seu é único e especial. E quando ele é direcionado para mim, meu coração se aquece, como nossos pés juntos em uma noite fria. Sinto que se pudesse escolher um lugar, estaria exatamente aonde estou. É como se o lugar do meu coração fosse junto ao seu, como se meu único cobertor fosse você, como se minha alma dependesse inteiramente do seu amor. Sentei-me na cama ao seu lado e passei uma de minhas mãos, delicadamente, sobre seu rosto. Percorri o caminho dos olhos até sua boca desenhada, e o beijei. Só deixei que meus lábios sentissem o toque dos seus e os libertei novamente. Deitei-me ao seu lado, tentando não acordá-lo, porém você sentiu minha presença ali e abraçou-me. Senti sua boca quente em meu ouvido e, encarando o sol que já nascera, adormeci no calor de seus braços. Acordei. O sol queimava minha pele e quando meus olhos se acostumaram com a claridade, percebi que tudo não passara de um sonho. A janela continuava aberta, mas você nunca esteve ali. Não naquela noite. Não naquela manhã. Você se fora. Quantos pedidos preciso fazer para tornar um sonho real? Quantas noites passarei sozinha até que o tenha de volta? Bom seria conseguir tocar seu coração, da mesma forma que toco agora sua única blusa que aqui ficou, e dorme comigo todas as noites. Seu cheiro faz com que as lembranças presas em meu inconsciente desencadeiem um colossal de sonhos frustrados. Sonhos inacabados. Sonhos que não serão reais. Porque você se foi. Foi uma escolha sua, e minha maior prova de amor é respeitá-la.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Em meio a guerra

Sou ingênua o suficiente para acreditar que, mesmo nesse mundo atual, o amor ainda insiste em existir. Mas não sou fraca para desistir quando descubro que, para vive-lo, preciso ir à luta. Nem que isso deixe meu coração remendado de tantas vezes que se despedaçou. Quanto mais você cai, mais você aprende a dar valor para os dias em que está de pé para ver o sol. Não é à toa que dizem que só se valoriza quando perde, é só quando sofremos que conseguimos entender o imensurável cuidado que devemos ter com nós mesmos e com o outro. Não se brinca com pessoas. Não se brinca consigo mesmo. Em uma guerra, só perde quem não luta. A derrota também é uma chance. A chance do recomeço.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Maneira errada????


Os adeptos a nova música do Jorge e Mateus que me perdoem, mas preciso falar!
Primeiramente, sou fã da dupla e amo as músicas, canto, ouço e danço. Quem nunca sonhou em ver um príncipe do século XXI cantando Eu amo você, não importa o que vão dizer, eu quero só você, eu quero só você? Acho que todo mundo quando está com “sintomas de paixão” acredita que isso vai acontecer um dia, ou pelo menos espera profundamente que aconteça. Afinal, a dupla está aí para nos iludir da forma mais linda que existe, não é verdade?

Eis que baixo o CD novo chamado Os anjos cantam como a grande fã que sou. De primeira, não reparei nada de errado, afinal todas as músicas são lindas, como sempre. Só que então, estava em uma noite dessas na faculdade e uma das minhas amigas estava com uma meio chiclete na cabeça. Ela ficava cantando aquilo o tempo todo, o tempo todo, o tempo todo. Aí fui ouvir a tal música, agora com calma, para ver de que se tratava na verdade. Maneira errada, o nome. Ok. Parece boa. Mas aí, eu, com minha visão romântica da vida, levei um susto já de cara.

terça-feira, 5 de maio de 2015

E-S-C-O-L-H-E-R

Tenho ficado um pouco cansada. Cansada de acreditar, cansada de esperar, cansada de ver as coisas dando errado e de não ter muito o que fazer para que isso mude. Cansada de tentar entender para que lado a vida tá andando e eu continuo aqui, perdida, sem direção. Algumas vezes queria não ter escolha, só para simplesmente evitar de cometer erros e deixar que a vida tome seu próprio curso. Escolher nem sempre é uma dádiva. Principalmente quando você tem uma certa tendência a escolher errado, se é que você me entende! Mas já dizia Sartre que é impossível não escolher, afinal, o não escolher já é, em si, uma escolha. Levando em consideração que existem coisas imutáveis (e essa é uma), só me resta acostumar com a ideia de que vou continuar batendo a cabeça por aí, tentando encontrar o caminho certo, a pessoa certa, e que, de uma hora para outra ou pelo menos uma vez na vida, escolher não vai ser mais um carma. Um dia eu aprendo a linguagem do meu coração e descubro por onde ir, escolhendo certo dessa vez.

- Beatriz Cortes

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Minha própria sorte

Em alguns dias a gente acorda sem sorte mesmo. Perde a hora, tropeça no próprio chinelo, bate com o dedo do pé na quina da cama, o celular cai no chão. E lá se vai um dia em que tudo dá errado e nada está realmente bom. Mas, se te consola, eu sou aquela pessoa que tornou a sorte uma grande inimiga. Ainda não entendi por que ela me odeia tanto, mas resolvi odiá-la também. Ocupo todo o meu tempo só para que ela não tenha espaço. Ah, queridinha, você não me ajudou em nada até agora, então some! Cai fora! Toda vez que eu acho que é você me trazendo algo de bom, crio um caminhão de expectativas, me arrumo toda, me preparo para te receber e o que você faz? Você diz que tudo não passava de uma grande pegadinha! Eu demorei, mas aprendi. Vou criar minha própria sorte e vou chama-la pelo nome que eu quiser. E então vou ter todo o prazer em dizer que quem criou minha própria “sorte” fui eu. Eu corri atrás. Eu conquistei. Quem precisa da sorte quando se descobre que é possível reinventá-la.

- Beatriz Cortes

domingo, 26 de abril de 2015

Um amor tranquilo, por favor

Pode passar o tempo que for, jamais vou perder essa mania de ser intensa. Todos os dias, o que peço é a paz de um amor tranquilo. Um lugar seguro. Me pego tentando descobrir se isso é utopia, se é irreal, se não é possível. Nunca obtive repostas satisfatórias. E será que elas existem? Olho a minha volta e vejo que as pessoas querem tanta coisa ao mesmo tempo, e eu só quero um colo. Só quero ter para onde ir. Ter um porto para os dias de tempestade, um farol para a escuridão. Quero encontrar um outro sorriso nos dias bons, um abraço aconchegante, um amor que me traga paz. Não quero que a intensidade me abandone, quero apenas que ela esteja no lugar certo. Quero apenas que ela se encontre. Vê-la perdida me destrói aos poucos. E meu maior medo é de que, quando ela encontrar seu lugar certo, já não consiga ser inteira mais. E de que maneira ela irá me ajudar intensamente despedaçada?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Inteira

E é fato que ser inteira não é lá tão fácil assim. A gente ouve vários discursos sobre ser completo, sobre se bastar, como se pudéssemos simplesmente ouvir, analisar a informação e PLIM, agora somos pessoas inteiras. Ah, queria eu que fosse desse jeito! Queria eu acordar inteira, sem essa necessidade absurda do outro... É no encontro com o outro que nos tornamos quem realmente somos. Que colocamos à prova nossos sonhos, nossos valores, nosso eu. Até que ponto essa busca incessante de achar outro coração pode ser saudável? A resposta para essa pergunta é completamente subjetiva. Na minha opinião, não preciso do outro para ser completa, mas preciso dele para ser inteira. Não falta pedaço algum em mim, sou completa, mas para encontrar tudo de melhor que posso ser, preciso do outro para viver o amor. Vivendo o amor, estou inteira. Amando o outro, eu me encontro. Me basto. Vivo. Não existe alguém para completar meu coração. Existe um coração, que junto ao meu, me torna inteira. Imensuravelmente mais feliz.